Pesquisa por Tópicos

Pesquisa por Data


Entendimentos que se Aparentam como Paradoxos

Muitas vezes me refiro a um tipo de entendimento(ou uma classe) que ao contrário do conhecimento, nada tem a ver com a memória e que no entanto também não pode ser transcrito pela limitação das palavras, um tipo de entendimento que tão pouco diz respeito à lógica, no entanto, claramente a priori da experiência, possivelmente transcendente ao pensamento em si(talvez, ou não, por estar perto dos limites deste), no entanto, sem o poder, pela natureza do mesmo, provar diferentes de mera fantasia.

São bons exemplos destes as *antinomias de Emmanuel Kant que vão além da razão pura e do conhecimento proveniente dos sentidos. Kant argumentou resumidamente que estas questões estão além da compreensão da mente humana por se referirem a diferentes mundos, o fenomênico (dos sentidos, da natureza) e o noumênico (coisas em si).

Pois acrescento que através de 'meditação' (se é que me atrevo a utilizar um nome já tão distorcido, usado e sujo) é possível a compreensão, ou uma aproximação desta, das antinomias mencionadas por ele, ao que chamo de entendimentos. Entendimentos de uma natureza que não podem ser convertidos em palavras, não por não poderem ser concebidos mentalmente, como Kant apontou, mas por não poderem ser convertíveis em algo que se possa partilhar com o exterior, por um lado, também pela limitação linguística, mas principalmente porque aquilo a que me refiro como entendimentos desta natureza, poderem apenas ser entendidos interiormente e uma vez partilhados estão sujeitos à capacidade de entendimento de um outro interior. Como que se tivessem de no caminho ser cifrados e por sua vez decifrados no recetor novamente.

Toda a experiência de cada ser é completamente individual e única, sendo que dois seres que olhem para a mesma coisa sobre os mesmos ângulos, vão processar essa informação recolhidas pelos sentidos de formas diferentes, mas ainda assim referentes à mesma "coisa". Os entendimentos citados acima, devido à sua complexidade e desafio para a mente humana são ainda mais difíceis de ser partilhados.

Talvez, se o cérebro humano se desenvolver mais, e consoante estes entendimentos fiquem mais claros, na generalidade dos humanos, quando partilhados possam então ai já ser melhor compreendidos.

Já Einstein disse que se não soubermos explicar a uma criança de 5 anos é porque não sabemos assim tão bem. Por um lado, quanto mais perto o entendimento está do limite inteligível, mais complicado é de ser partilhado, até porque em todos os patamares que envolvem uma comunicação, se perde, se distorce a informação original, por outro lado, este entendimento está dependente também da extensão do inteligível do recetor e do quão à-vontade tal entendimento tem espaço neste.

Tal entendimento tem sempre, necessariamente de ser entendido internamente, e deste modo, a partilha serve apenas como uma tentativa de fazer que este entendimento, ou o entendimento equivalente a este, florença no recetor.

*Exemplos de antinomias(aparentes contradições) a que me refiro:

Determinismo x Livre-arbítrio
Universo finito x Infinito
Tal como outros aparentes paradoxos.

Especulação

Este tipo de entendimento, diz respeito a meu ver, a tudo o que se situa nos limites do inteligível de cada ser, ou seja, consoante o 'espaço' e a capacidade de 'processamento' aumentam passariam eventualmente a serem inteligíveis e por sua vez, de seguida cada vez mais claros até que passassem a ser entendimentos, ditos normais. Isto no decorrer de um processo adaptativo da espécie, assim como as alterações que ocorrem nas espécies ao longo dos séculos e que as permitem ganhar a habilidade de respirar fora de água ou de ganhar asas. Isto é, caso o ser humano fosse exposto a tal necessidade, que no caso diria, se for mais exposto a ele mesmo.

— Tiago Barriga
  Partilha: