Dos paralogismos do Progresso (Prologo - rascunho simplificado)
Paralogismos, que em alguns dos casos, são puras falácias, muitas das quais ingénuas, por se assumirem de convenientes, e que por efeito da propositada repetição - e consequentemente da degradação do intelecto - se transformam em apenas paralogismos aceites como raciocínios válidos - o que não, senão uma auto induzida alienação de larga escala?!
Todos falam em progresso, mas isso existe sequer? E em que termos?
Progresso é um movimento, mas que está no entanto, tal como 'evolução', problematicamente associado à ideia de melhoramento ou aperfeiçoamento.
É valido utilizar o termo 'progresso' num contexto de movimento, se assumirmos dois pontos, pois estamos a estreitar, a reduzir a uma perspetiva especifica, como ir do ponto A ao ponto B, podemos ai dizer que houve progresso no percurso estabelecido. Se alguém engordou X Kg ao longo de Y anos, podemos igualmente dizer que existiu um progresso de Kg na pessoa, no entanto podemos utilizar o termo progresso também para a redução de Kg, é em ambos os casos, um movimento para um destino. O problema começa quando a humanidade usa (e usa), tal como 'evolução', o conceito de progresso entranhado à ideia de melhoramento, e como se não basta-se, com tendência para uma ideia universal do mesmo.
Devemos então questionarmonos sobre o que significa melhoramento, e embora possam surgir muitas ilusórias ideias de imediato, devemos continuar a aprofundar a questão, pois os valores variam de humano para humano, variam drasticamente ao longo das épocas, culturas e sociedades, até mesmo durante o simples decorrer da vida de um único humano, e são todos eles contraditórios, quando não opostos, entre si, quando mais se ponderaremos cada espécie ou ser, facilmente então se apercebemos a nível planetário é a ilusão que é, imagine-se a nível universal, Prepotência humana!
O significado de 'Melhor', e de todos os seus derivados, é de um ponto de vista universal, inválido.
Melhor Para o que? e para quem? Tais valores, precisam ser preenchidos por éticas, culturas, opiniões, preferências e por ai adiante, todos eles necessariamente subjetivos, e tão (ou mais) relevante que as duas perguntas anteriores… "e durante quanto tempo?". Determinada ação pode ser até melhor segundo certos critérios de preferências para um determinado ser ou até espécie em geral durante X tempo até que seguintes ações, consequentes dessa, comecem a ser, segundo os mesmos critérios e preferências originais, prejudiciais para esse ser ou espécie, pois tudo se altera e nada se mantêm constante indefinidamente, tal como a historia da humanidade o pode provar.
É portanto uma definição vazia, com significado ilusório que se desfaz ao alargar a escala do tempo e espaço. 'progresso' é na verdade uma mera 'alteração', coisa que se está sempre a verificar, ambas as palavras estão em redundância.
Mais acrescento, para aqueles aficionados com o suposto progresso, uma vez que tudo oscila, o derradeiro progresso pessoal é invariavelmente a Morte e para aqueles mais 'altruístas' relembro que o mesmo se aplica a tudo, toda a espécie que surge, também eventualmente se extingue, invariavelmente. E para os mais distraídos e ainda 'positivos' ou crédulos, isso inclui a espécie humana. Obviamente.
Em suma, se nos aparenta progresso, o mesmo se deve a estarmos a ver demasiado de perto, aumentemos a escala, do tempo e/ou do espaço, mantendo constantes os critérios originais, e a original avaliação que parecia objetiva, desvanecesse, deixando uma mera subjetiva valoração temporária.
Universalmente, ou existencialmente, não é possível tal definição de progresso, tal como a de "bem/mal" e "melhor/pior"
E se tal ilusão é possível de um ponto de vista individual, é ainda assim apenas temporária, assim como tudo o é, uma oscilação, uma constante movimentação de energia de um lado para outros, como um preço equivalente, uma troca de lugares, como uma dança, sem outro objetivo que não a noção da mesma.
— Tiago Barriga
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Contra esta critica podemos utilizar até mesmo os exemplos mais desfavoráveis como "O progresso na medicina" que logo à partida não poderia ser avaliada individualmente, isolada dos restantes motores que a movem, mas que também apenas se destina ao ser humano, uma das falácias está pois em parte contida nos conceitos.
Conceitos referem-se a coisas, coisas estas que se alteram constantemente, além disso os conceitos também se alteram, e com o passar do tempo o ser humano, ser este que já não é o mesmo que era originalmente, sem se aperceber, acaba por trocar totalmente os valores a que se refere com determinado conceito, acreditando referir-se aos originais.
Para o progresso da medicina, que se destina ao ser humano, são por exemplo necessários sacrifícios de outros seres, alguns dos quais, que ao longo dos séculos, se misturam com o ser humano, alterando as propriedades do mesmo e enquanto que a curto prazo iludem um efeito, mascaram consequências a longo.