O verdadeiramente relevante nos tempos atuais não reside apenas no acúmulo de informações, estruturas, métodos, conceitos ou mecanismos, mas sim em tudo o que conseguimos fazer interiormente ou exteriormente com tais informações.
Independentemente da experiência ou do quão especialista é, ninguém tem a autoridade de alterar a validade de um raciocínio. Um raciocínio inválido permanecerá inválido, independentemente de quem o faça, e vice-versa.
Recebemos informações do mundo exterior através dos nossos sentidos, que oferecem apenas uma representação aproximada das "coisas em si". À medida que ganhamos experiência, começamos a reconhecer padrões nas informações, o que chamamos de "conhecimento". Toda a nossa experiência, assim como a ciência, é baseada nisso. Embora seja útil, é importante entender que o nosso conhecimento é apenas uma aproximação, dependente dos sentidos que temos e da amostragem que recebemos. Este conhecimento é partilhado entre diferentes indivíduos, formando uma espécie de conhecimento coletivo numa memória global estruturada.
Por meio desse processo, seja por experiência pessoal ou coletiva, o conhecimento é formado. Este conhecimento está a tornar-se cada vez mais acessível e, ao mesmo tempo, está sendo gradualmente substituído por tecnologias automáticas.
Acima de todo esse processo de aquisição de conhecimento, estão os condimentos que diferenciam o ser humano do autômato: noção, criatividade, entendimento, perceção, raciocínio, crítica, lógica, assim como tudo o que seja a priori ou que não possa ser simplesmente memorizado ou armazenado. São esses elementos, combinados, que fazem toda a diferença, não apenas o mero conhecimento.
Além disso, há algo que está sendo cada vez mais esquecido: a única experiência da qual temos um conhecimento verdadeiro é aquela que vem de dentro de nós mesmos, e mesmo assim, devemos ter alguma cautela. O conhecimento coletivo está em parte distorcido, pois sempre que há uma troca de informações de um indivíduo para outro, alguma distorção ocorre. Além disso, é necessário ter a crença de que os métodos científicos foram aplicados corretamente em qualquer pesquisa, o que cada indivíduo é incapaz de verificar em todos os aspetos do conhecimento humano. Isso significa que aquilo a que chamamos de conhecimento científico é, infelizmente, apenas uma crença - uma crença de que cada ser humano envolvido em uma determinada etapa de uma investigação tenha aplicado métodos científicos de maneira adequada.
Se olhar-mos à construção de tal conhecimento, percebemos que os seus alicerces são então crenças, o que faz da ciência a nova religião onde os especialistas são os novos sacerdotes.
Independentemente do paradeiro das crenças, algo parece eterno:
Aquele que consegue sentir e pensar por si, está destinado a ser descreditado e visto como rebelde ou louco.